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É uma família italiana, com certeza!

Após de ter pedido as pessoas para contar algumas histórias de vida ou da infância que associem à família italiana, recebemos vários relatos que têm como ponto em comum o tempo passado em família e a comida que se preparava todos juntos.

Crostoli…que delícia

“A família do papai viera da Itália, da cidade de Pordenone. A vovó e o vovô não conseguiam nem pronunciar algumas palavras em português. E lembro-me, com muito carinho, a vovó fazendo a massa de crostoli, esticando em uma mesa próxima ao fogão a lenha e dando-me várias forminhas de desenhos diferentes para cortar a massinha. Que alegria eram as tardes comendo crostoli de estrelas, corações, luas, bonequinhos.
Às vezes eu encontro para comprar, mas com certeza o sabor afetivo não é o mesmo.”

Minha avó fazia tudo em casa

“Cresci em uma típica família italiana. Minha mãe é a caçula em uma família de 6 irmãos. Tenho muitas histórias para contar, mas uma lembrança deliciosa é dos dias que antecediam o Natal na casa da minha avó materna! Dia 24 fazíamos a ceia de Natal, troca de presentes, amigo oculto e o momento mais esperado era a fila do dinheiro. Meu avô dava de presente para seus 19 netos uma nota (a de maior valor) da moeda da época. Mas como Natal é a celebração do nascimento de Jesus, quando faltavam uns minutos pra meia noite, fazíamos uma “procissão” e o neto mais novo levava o menino Jesus até o presépio. Era o momento de rezar, de cantar parabéns ao menino Jesus e de desejar feliz natal ao som das músicas natalinas. 

A mesa era farta e não podia faltar as castanhas assadas no forno e os “turdidos” uns biscoitos em formato de trança que comíamos com mel. Dia 25 era o dia de comer “linguine” com molho de cabrito – “linguine” é uma massa fresca que minha avó fazia em casa, em um formato semelhante a “fettucine”. Quando estava pronto ela chamava: “Venite! Venite!” 

Mas as lembranças mais especiais são aquelas dos dias anteriores. Não lembro se duravam 2 ou 3 dias. Minha avó, alem de fazer em casa a massa para o almoço do dia 25, fazia os “turdidos”, os torcidos e os “cuduredos” (“grispedi”). Hoje pesquisando Internet descobri que esse prato tem outros nomes.

Nos reuníamos na cozinha pra fazer as trancinhas, que depois eram fritas e passadas no mel. Que delícia comer o doce feito na hora. Depois íamos ver as massas para o almoço do dia 25 secando nos quartos. Minha avó esticava e cortava a massa a mão e deixava secar em cima das camas! Tinha “linguine” por toda a casa e, afinal, o almoço era para mais de 40 pessoas! “

Menina, está gastando água

“Vendo você no Instangram, me identifico muito! Principalmente nos vídeos que você posta. Por exemplo aquela festa em que desviam o rio pra jogar água nas outras pessoas de balde na mão, me lembrou o que fazia na minha infância na casa dos meus avós paternos (de onde herdei a minha cidadania italiana). Na casa deles sempre era festa para os netos: encher baldes de água e jogar uns nos outros. A maior farra! Uma delícia! Pena que o meu avô aparecia pra estragar a nossa brincadeira dizendo: “Menina, está gastando água”. Na humilde casa do meu avô não tínhamos como “desviar as águas do rio” e sim, só abrir a torneira e se divertir mesmo. Feito criança! Feita italianinha. Grazie!”

A família bagunceira

“Como qualquer família italiana boa e bagunceira, quando nos reuníamos com a família era muito agradável. Encontrávamos nossos primos e brincávamos muito no quintal do nosso “nonno”. Nossos pais conversando sobre trabalho e política e as mães com a nossa avó faziam a comida. Aquele cheiro de molho de tomate com tempero da vovó e o macarrão “cappelletti” delicioso. A alegria imperava sempre. Hoje em dia sempre que podemos, continuamos a fazer os almoços que aprendemos com a nossa mãe. Aprendi muitas coisas com minha amada mãe e graça a ela sei fazer vários pratos. Mães ensinando os filhos a continuar as receitas deliciosas. Isso me cheira costume italiano.”

A volta da mesa de família

“Eu me recordo do meu avô italiano Julio e minha avo portuguesa Agricola (pais do meu pai). Lembro-me que todos os domingos íamos almoçar na casa deles. Eles tiveram 3 filhos: meu pai e mais 2 filhas, e todos moravam na mesma rua. Então aos domingos todos se reuniam para almoçar e o menu era macarrão com molho vermelho ou nhoque. Os adultos se sentavam numa grande mesa e as crianças em outra mesa menor que meu avô construiu especialmente para os seus 8 netos. Havia sempre muito barulho e conversas a volta das mesas e por isso tenho boa lembrança do tempo passado na casa dos meus avós”.

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