No primeiro plano da memória de um grupo destacam-se as recordações dos acontecimentos e das experiências que dizem respeito ao maior número dos seus membros e resultam quer da sua própria vida, quer das suas relações com o grupo mais próximo.
Maurice Halbwachs
Existe um fio condutor entre todos os descendentes de italiano. Isto é, a memória de algumas vivências familiares que, só depois anos e entrando em contato com a cultura italiana, perceberam que o que viviam eram tradições culturais italianas.
A narrativa, que se forma a partir da memória, alicerça um passado que pode ser tanto pessoal quanto representativo de uma coletividade. A volta ao passado é para alguns uma evocação de sentimentos e lembranças carinhosas e uma maneira para relembrar alguns traços distintivos da própria família.
Resquício de uma italiana de Nadia Girelli
“Um passo aqui, um outro aí e vejo uma ‘nonna’ desfilando com seu coque envolvido pelo lenço. O vestido amarado na cintura e a bolsa completam uma elegância genuinamente italiana. Essa é a imagem que passava: educação, costume e postura. A postura era sinônimo da mais pura elegância.
A saudade hoje remonta a cenas de momentos marcantes: o amor materno e o rosário, a ligação com o divino. A mesa sagrada no lar seguia o ritual das orações antes das refeições. Uma frase sempre era pronunciada ‘vêm todos a mesa, vamos se sentar e esperar para servir o almoço assim que o pai chegar’. E com isso ela nos deixava por muitas vezes, muito tempo sentados ao redor da mesa na espera.
A mesma mesa que ficava gigantes aos domingos com todos presentes para o almoço dominical sob a sombra da nêspera. Um cesto gigante cheio de pães, garrafas de vinho, queijos e salame sempre marcavam a presença.
É assim que o mundo italiano sobrevive dentro de mim: na imagem dos momentos vividos no concreto da culinária que ainda persiste no meu cotidiano e agora estou remontando a mesa.”
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