Tradição, sabor e identidade em uma sobremesa que atravessa gerações
Na Itália, a culinária é mais do que o simples ato de cozinhar. É uma linguagem cultural, uma forma de preservar a história e de expressar a identidade de um povo. Cada prato revela as tradições de uma região, de uma cidade, o modo de viver de seus habitantes e a evolução de costumes que se mantêm vivos ao longo dos séculos.
É com essa visão que a Accademia Italiana della Cucina, fundada em 1953 em Milão, atua para proteger e difundir a autêntica gastronomia italiana, valorizando receitas que representam a alma do país. Entre essas delícias da mesa italiana está o tiramisù, um dos doces mais amados e reconhecidos no mundo.
Uma receita que conta histórias
Originário do Vêneto, no especifico na cidade de Treviso, o tiramisù é considerado uma verdadeira obra de arte culinária. Sua base leva café, biscoitos savoiardi, mascarpone, ovos e açúcar, unindo ingredientes simples, mas repletos de significado cultural.
O nome tiramisù deriva da expressão dialetal veneta tirame su, que pode ser traduzida como “levante” ou “me anime”. A sobremesa, portanto, carrega não apenas o sabor, mas também o espírito acolhedor e otimista da Itália.
A tradição de preparar o tiramisù passa de geração em geração, sendo comum que famílias do norte do país o façam em casa desde a infância. Em algumas regiões, acrescenta-se um toque de licor para reforçar o sabor.
Apesar de ser conhecido mundialmente, o verdadeiro savoiardo, o biscoito utilizado na receita, é diferente do biscoito tipo “champanhe” encontrado no Brasil. Ele é mais macio e delicado, o que é essencial para atingir a textura ideal da receita tradicional.
O preparo clássico segundo a Accademia Italiana della Cucina
Para oito pessoas, utilizam-se 6 gemas, 250 g de açúcar, 500 g de mascarpone, 40 biscoitos savoiardi, café e cacau em pó. Prepara-se o café e deixa-se esfriar. Em seguida, batem-se as gemas com o açúcar até formar um creme espumoso e incorpora-se o mascarpone até obter uma mistura homogênea.
Metade da quantidade de biscoitos (ou seja, 20 deles) é brevemente mergulhada no café, com cuidado para não encharcar. Esses biscoitos colocados sucessivamente em fila em um prato. Espalha-se metade do creme sobre os biscoitos, adiciona-se outra camada de biscoitos umedecidos no café e, por fim, o restante do creme de mascarpone por cima. Polvilha-se cacau em pó peneirado e o doce é levado à geladeira até o momento de servir.

Accademia Italiana della Cucina
Fundada em 29 de julho de 1953, em Milão, por Orio Vergani, com um grupo de figuras ilustres dos mundos da cultura, da indústria e do jornalismo, a Accademia Italiana della Cucina se tornou uma Instituição Cultural da República Italiana em 2003 e tem como objetivo proteger e valorizar as tradições da culinária italiana, promovendo e incentivando seu aprimoramento na Itália e no exterior.
Por meio de seu centro de estudos, delegações e legações na Itália e em todo o mundo, a academia trabalha para promover iniciativas que visem a uma melhor compreensão dos valores tradicionais da culinária italiana, que formam a base de toda inovação concreta.


